domingo, 8 de março de 2015

Cientistas italianos descobrem onde HIV se esconde dentro da célula

Imagens moleculares divulgadas recentemente mostram o traço característico que ajuda o HIV a infectar as células do sistema imunológico: trata-se de um "espinho" no vírus, que lhe permite penetrar nas células CD4


Cientistas italianos conseguiram fotografar a estrutura do núcleo do linfócito e descobrir o local onde o vírus do HIV se esconde, se tornando "invisível", dentro da célula.

A pesquisa foi realizada pelo Centro Internacional de Engenharia Genética e Biotecnologia (ICGEB) de Trieste, com a condução do professor Mauro Giacca.  

A descoberta será publicada hoje e deve ter fortes repercussões no desenvolvimento de novas drogas contra a Aids.  


Um dos maiores problemas da doença é que o vírus insere seu DNA dentro do material genético das células infectadas, tornando-se assim parte de seu código genético. O motivo pelo qual o vírus escolhe apenas alguns do 20 mil genes humanos para se integrar e como se esconde dos remédios dentro deles, no entanto, permanecia um mistério até agora.

Fonte: Noticías UOL

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Cientistas desvendam como cérebro identifica sabores

Especialistas acreditam que descoberta poderá ajudar a reverter à perda de paladar em idosos.

 
Segundo estudo, sensores de sabor distintos da língua têm um parceiro correspondente no cérebro (Foto: Thinkstock)


Diversos cientistas há anos procuram entender como o cérebro recebe e processa o sabor dos alimentos.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, diz ter começado a responder a questão - e levanta a possibilidade de que sua descoberta ajude a reverter à perda de paladar em idosos.

Os pesquisadores, que publicaram um artigo na revista científica Nature sobre o tema, dizem que o cérebro tem neurônios especializados para cada uma das cinco categorias do gosto - salgado, amargo, ácido, doce e o chamado umami (gosto associado aos glutamatos, presente, por exemplo, em carnes e legumes).

Sensores de sabor distintos espalhados sobre a língua teriam parceiros correspondentes no cérebro e enviariam mensagens para eles quando comemos.

A ideia de que só sentimos o gosto doce na ponta da língua seria falsa. De acordo com os pesquisadores, cada uma das cerca de 8 mil papilas gustativas espalhadas pela língua seria capaz de sentir todas essas cinco categorias de sabores.

A especialização, na realidade, ocorreria dentro das papilas, onde haveria cinco tipos de células diferentes capazes de detectar os cinco sabores.

A mensagem seria, em seguida, enviada para o cérebro, embora ainda não esteja claro de que forma essas informações são processadas após serem coletadas pelos neurônios.

Benefício a idosos

A nova teoria foi desenvolvida a partir de experiências com ratos.

A equipe da Universidade de Columbia preparou os cérebros dos animais para que seus neurônios ligados ao processamento do sabor dos alimentos ficassem fluorescentes ao serem ativados.

Os animais foram, então, alimentados com produtos químicos de gostos diferentes.
E ao monitorarem as reações dos seus cérebros, os pesquisadores concluíram haver uma ligação forte entre as células da língua e os neurônios cerebrais.

"As células estavam bastante sintonizadas com as categorias gustativas. E tivemos um encaixe perfeito entre a natureza das células ativadas na língua e as suas correspondentes (no cérebro)", disse à BBC Charles Zuker, professor da Universidade de Columbia.

Como tal descoberta poderia ajudar idosos com perda de paladar?

Segundo Zuker, tal perda ocorreria por problemas nas células gustativas.

Na língua, há células-tronco que produzem novas células gustativas a cada quinze dias. Mas esse processo perde força com a idade.

"Alguns idosos não sentem mais prazer em comer e isso é devastador para eles", diz o professor. "Mas ao desvendarmos como o sabor é processado pelo cérebro, podemos imaginar formas de melhorar essa função."


Segundo Zuker, uma das alternativas para se tentar amenizar o problema seria aumentar a sensibilidade das células da língua, para que elas enviem sinais mais fortes para o cérebro ao serem acionadas.

Fonte: G1 Globo

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Pesquisadores conseguem detalhar processo de metástase de células do câncer



Veia artificial desenvolvida por pesquisadores americanos permitiu a eles acompanhar como células com câncer se espalham pelo fluxo sanguíneo


Dois pesquisadores da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desenvolveram uma veia artificial que permite uma visão em tempo real de como as células cancerígenas entram em metástase.

A metástase é o processo pelo qual as células cancerígenas se espalham pelo corpo, aumentando a dificuldade do tratamento do câncer.

Assim que entra na corrente sanguínea, as células cancerígenas podem formar tumores em outros órgãos.

Noventa por cento dos pacientes vitimados pelo câncer sofreram processo de metástase, que ainda não é totalmente conhecido dos médicos - não se sabe como as células cancerígenas conseguem se mover dentro do sistema vascular e se espalhar pelo corpo.

Entender melhor como isso acontece pode levar a novos métodos de tratamento para a doença. "Nossa nova ferramenta nos dá uma visão mais clara e detalhada desse processo", afirma Andrew Wong, um dos autores da pesquisa.

"Existe muita coisa que não sabemos sobre como as células de tumor viajam pelo corpo, porque, mesmo usando nossa melhor tecnologia de imagem, não conseguimos enxergar como elas se locomovem pelo sistema sanguíneo", diz Wong.

Os pesquisadores da universidade Johns Hopkins testaram a viabilidade da veia artificial em células de câncer de mama marcadas com uma tinta fluorescente. Elas foram inseridas em uma matriz de colágeno, que replicava o tecido dos seios humanos.

A vascularidade do aparelho foi feita com material transparente, com as mesmas propriedades das veias naturais, por onde circulava um líquido rico em nutrientes, fazendo as vezes do sangue.

Por meio da fluorescência das células, a equipe foi capaz de filmar e monitorar aquelas com câncer, enquanto andavam pelo tecido e pela veia artificial.

"No passado, era virtualmente impossível observar os passos envolvidos nesse processo com esse nível de clareza", afirmou Peter Searson, coautor do estudo.

A dupla de pesquisadores conseguiu perceber que o tecido tentava cercar e conter as células cancerígenas. Mas algumas delas escapavam e se agrupavam em outro ponto da veia artificial.

Depois de um tempo, a força do fluxo sanguíneo artificial era suficiente para puxar a célula cancerígena para dentro da veia e bombeá-la para outros lugares.

"As células cancerígenas teriam dificuldade em deixar o local original do tumor, não fosse a habilidade delas em entrar em nosso fluxo sanguíneo e ganhar acesso a locais distantes", afirma Wong.

"Então, descobrimos que é a entrada das células cancerígenas no fluxo sanguíneo que permite ao câncer se espalhar tão rápido", diz.

Os pesquisadores agora esperam utilizar o aparelho para testar remédios contra a doença, para perceber se eles podem afetar a metástase.

"Se nós pudermos encontrar uma maneira de parar um desses passos na escalada da metástase, poderemos ser capazes de encontrar uma nova estratégia para retardar ou até parar a propagação do câncer", afirma Wong.


Fonte: Info Abril

Cientistas transformam células-tronco em 'assassinas' de câncer

Em uma experiência com ratos, células-tronco foram geneticamente modificadas para produzir toxinas que podem matar tumores no cérebro sem matar as células saudáveis.


Células-tronco geneticamente modificadas podem produzir toxina que 'mata' tumores (Foto: Science Photo/Library)



Cientistas da Escola de Medicina de Harvard descobriram um jeito de transformar células-tronco em "máquinas" para lutar contra o câncer cerebral. Em uma experiência com ratos, as células-tronco foram geneticamente modificadas para produzir toxinas que podem matar tumores no cérebro sem matar as células normais.

Pesquisadores dizem que o próximo passo seria testar esse processo em seres humanos. "Depois de fazer toda a análise molecular e de imagem para controlar a inibição da síntese de proteínas dentro de tumores cerebrais, nós vimos as toxinas matarem as células cancerígenas", explicou Khalid Shah, principal autor da pesquisa e diretor do Laboratório de Neuroterapia no Hospital de Massachusetts e na Escola de Medicina de Harvard.

"Toxinas para matar o câncer têm sido utilizadas com grande sucesso em uma variedade de tumores sanguíneos, mas eles não funcionam bem em tumores sólidos, porque os tumores não são tão acessíveis e as toxinas têm uma vida curta."

Mas geneticamente, a manipulação de células-tronco pode ter mudado tudo isso, segundo Khalid Shah. "Agora, temos células-tronco resistentes a toxinas que podem fazer e liberar essas drogas que matam o câncer", explicou.

Estudo

O estudo, publicado no jornal científico "Células-tronco", foi resultado de um trabalho de cientistas do Hospital de Massachusetts e do Instituto de Células-Tronco de Harvard.

Eles passaram muitos anos estudando uma terapia com células-tronco que pudesse curar o câncer – a ideia seria que as células-tronco produzissem algo capaz de matar células cancerígenas, mas que não tivesse efeitos negativos sobre as células normais – ou seja, as células saudáveis não teriam risco algum de serem atingidas pela toxina.

Os cientistas, então, modificaram geneticamente as células-tronco para conseguir fazer isso.

Nos testes em animais, as células-tronco foram colocadas no gel e depois em um tumor cerebral depois de ele ter sido retirado. As células cancerígenas morreram na hora, como se elas não tivessem nenhum tipo de defesa contra a toxina.

Cautela

Para Nell Barrie, cientista do Instituto de Pesquisa de Câncer do Reino Unido, o estudo teve resultados excelentes, mas é preciso ter cautela porque ele traz uma "abordagem engenhosa". "Precisamos urgentemente de melhores tratamentos para tumores cerebrais e isso pode ajudar em um tratamento direto exatamente onde ele é necessário."

"Mas até agora a técnica só foi testada em ratos e em células cancerígenas em laboratório. Muito trabalho ainda precisa ser feito antes de nós afirmarmos se esse tratamento é eficiente e pode ajudar os pacientes com tumores cerebrais", completou.

Nell reiterou que esse tipo de pesquisa poderia ajudar a aumentar as taxas de sobrevivência e trazer progresso muito importante para a cura do câncer cerebral. Já Chris Mason, professor de medicina regenerativa na Universidade de Londres, disse que esse estudo é "bastante inteligente e indica que há uma nova onda de tratamentos contra o câncer surgindo".

"Isso mostra que podemos atacar tumores sólidos colocando mini-farmácias dentro do paciente que liberam as toxinas diretamente no tumor." "Essas células-tronco podem fazer tanta coisa. É assim que o futuro será."

Fonte: G1 Globo

domingo, 26 de outubro de 2014

Equipe que transplantou células do nariz em paralítico busca voluntários

Cientistas buscam pacientes com lesão provocada por objeto pontiagudo.
Paciente que recebeu transplante consegue andar com ajuda de armação.


Paciente Dariusz Fidyka, que recebeu transplante de
células olfativas e recuperou parte dos movimentos
da perna, participa de coletiva de imprensa nesta
quarta (22) (Foto: AFP Photo/Natalia Dobryszycka)
Uma equipe de médicos que ajudou um homem paralítico a voltar a andar transplantando células de sua cavidade nasal para sua espinha dorsal anunciaram estar buscando novos pacientes para poderem demonstrar que seu avanço não foi circunstancial.

Os médicos declararam nesta quarta-feira (22) que irão procurar pela internet voluntários com lesões semelhantes à de seu paciente, o polonês Dariusz Fidyka, que ficou paralisado do peito para baixo depois de ser esfaqueado nas costas pelo ex-marido de sua companheira em 2010.

Agora ele consegue andar com a ajuda de uma armação.

“Para os próximos estágios de nossa pesquisa, precisaremos de pacientes que sofreram uma lesão na espinha dorsal causada por um objeto pontiagudo, como uma faca ou uma machadinha”, disse Wlodzimierz Jarmundowicz, neurocirurgião de Breslávia, cidade do oeste da Polônia, que fez parte da equipe polonesa-britânica que tratou Fidyka.

“A pequena luz no fim do túnel acendeu, mas precisamos repetir o procedimento em dois ou três pacientes, e aí veremos”, afirmou Jarmundowicz em uma coletiva de imprensa em Breslávia.

Site vai buscar voluntários

Os médicos planejam criar um site em polonês e outro em inglês para buscar voluntários, porém o endereço ainda não foi divulgado.

A técnica, descrita como um avanço por um estudo na publicação "Cell Transplantation", envolveu o transplante das chamadas células olfativas revestidoras para a espinha dorsal do paciente e a construção de uma “ponte de nervos” entre as duas extremidades da coluna vertebral danificada.

A pesquisa pioneira foi liderada por Geoffrey Raisman, professor do instituto de neurologia do University College de Londres, que trabalhou com cirurgiões do hospital da Universidade de Breslávia.

Cedo demais para conclusões

Foto mostra paciente andando com a ajuda de um equipamento, depois de receber transplante de células nasais (Foto: AFP Photo/BBC Panorama )

Entretanto, especialistas da área alertaram que o sucesso com um paciente faz com que seja cedo demais para concluir que o tratamento pode ter benefícios de larga escala. Em alguns casos, os pacientes podem perceber uma evolução significativa nas funções simplesmente por causa da reabilitação e da passagem do tempo, argumentaram.

Fidyka compareceu de cadeira de rodas à coletiva de imprensa, na qual os feitos sobre sua mobilidade restaurada foram transmitidos aos médicos em apresentações de vídeo.

Visivelmente surpreso pela enorme atenção que seu caso atraiu, ele se desculpou pela voz rouca, que atribuiu às conversas com jornalistas.

Ele lembrou como, em 2011, um ano depois de ser apunhalado, marcou sua primeira consulta com o doutor Pawel Tabakow, membro da equipe que mais tarde o tratou. “Ele ficou de cabelo em pé – não esperava um paciente com uma lesão daquela”, contou Fidyka.

“Agora consigo movimentar minha perna esquerda, tenho mais sensibilidade na direita, sinto calor e frio, funções fisiológicas e sexuais diferentes estão voltando. Poderia viver sozinho em um apartamento. Com certas modificações, poderia dirigir.”


“Há altos e baixos, mas está tudo indo na direção certa”, completou.

Fonte: G1 Globo

Homem paralisado volta a andar após transplante de células do nariz

Darek Fidyka ficou paralisado após ser esfaqueado várias vezes em 2010 e não apresentava sinais de recuperação; tratamento é inédito no mundo.

Darek Fidyka voltou a andar após receber transplante de células olfativas. (Foto: BBC)


Um homem paralisado conseguiu andar novamente após um tratamento inovador que envolveu o transplante de células de sua cavidade nasal para a medula espinhal.

Darek Fidyka, de 40 anos, ficou paralisado do peito para baixo após ser esfaqueado várias vezes em 2010. Agora, ele pode andar usando um andador. Ele também recuperou algumas funções da bexiga e intestino e funções sexuais.

Antes do tratamento, Fidyka estava paralisado havia quase dois anos e não mostrava nenhum sinal de recuperação, apesar de meses de fisioterapia intensiva. Ele disse que andar novamente foi "uma sensação incrível".

"Quando você não pode sentir quase metade do seu corpo, você é impotente, mas quando ele começa a voltar, é como se você tivesse nascido de novo".

O tratamento, inédito no mundo, foi realizado por cirurgiões poloneses em colaboração com cientistas em Londres. Detalhes da pesquisa foram divulgados na publicação científica Cell Transplantation.

O programa de TV Panorama, da BBC, teve acesso exclusivo ao projeto e passou um ano acompanhando a reabilitação do paciente.

O chefe de regeneração neural do Instituto de Neurologia da Universidade College, de Londres, liderou a equipe de pesquisadores. Ele disse que o resultado é "mais impressionante do que o homem andar na lua".

Como foi

O tratamento utilizou células especiais que fazem parte do sentido do olfato (OECs, na sigla em inglês). Elas agem como células de direção, que permitem que as fibras nervosas do sistema olfativo sejam continuamente renovadas.

Na primeira de duas operações, os cirurgiões removeram um dos bulbos olfativos do paciente e as células cresceram em cultura. Duas semanas depois, eles transplantaram as células para a medula espinhal, que tinha sido reduzida a uma pequena faixa de tecido, à direita.

Eles tinham apenas uma pequena porção de material para trabalhar - cerca de 500 mil células. Cerca de 100 microinjeções de células olfativas foram feitas acima e abaixo da lesão.

Quatro tiras finas de tecido nervoso foram tiradas do tornozelo do paciente e colocadas através de uma lacuna de 8mm no lado esquerdo da medula espinhal.

Os cientistas acreditam que as células olfativas forneceram uma direção, permitindo que as fibras acima e abaixo da lesão se reconectassem, usando os enxertos de nervos para preencher a lacuna na medula espinhal.

Fidyka mantém o programa de exercícios que já realizava antes do transplante - cinco horas por dia, cinco dias por semana. Ele notou pela primeira vez que o tratamento havia sido bem sucedido após cerca de três meses, quando sua coxa esquerda começou a desenvolver músculos.

Seis meses depois, ele foi capaz de tentar dar seus primeiros passos com a ajuda de barras paralelas, usando muletas e com o apoio de um fisioterapeuta. Dois anos após o tratamento, ele agora pode andar fora do centro de reabilitação utilizando um andador.

O neurocirurgião Pawel Tabakow, consultor no Hospital Universitário de Wroclaw, que liderou a equipe de pesquisa polonesa, disse: "É incrível ver como a regeneração da medula espinhal, algo que era considerado impossível por muitos anos, está se tornando uma realidade".

Fidyka ainda se cansa rapidamente ao caminhar, mas disse: "Eu acho que é realista que um dia irei me tornar independente".

"O que eu aprendi é que você nunca deve desistir, mas continuar lutando, porque alguma porta se abrirá na vida".

Um fator determinante para o sucesso do procedimento em Fidyka foi que os cientistas puderam usar células do bulbo olfatório do paciente. Isso significa que não havia perigo de rejeição, por isso não houve a necessidade de medicamentos imunossupressores usados em transplantes convencionais.

A maior parte da reparação de medula espinhal de Fidyka ocorreu no lado esquerdo, onde havia uma lacuna de 8mm. Desde então, ele recuperou massa muscular e movimento principalmente nesse lado.

Os cientistas acreditam que esta é uma evidência de que a recuperação se deve à regeneração, já que sinais do cérebro que controlam os músculos da perna esquerda viajam para baixo pelo lado esquerdo da medula espinhal.


Exames mostraram que a lacuna na medula espinhal fechou-se após o tratamento.

Fonte: G1 Globo

quarta-feira, 15 de outubro de 2014


Pesquisa com células-tronco indica cura para diabete tipo 1

Cientistas dão passo significativo na pesquisa da cura para o diabetes tipo 1

Os esforços pela descoberta da cura para a diabetes tipo 1 recentemente "deram um tremendo passo", afirmaram cientistas da Universidade de Harvard.

A doença ocorre quando o sistema imunológico do corpo humano destrói as células que controlam o nível de açúcar no sangue. Uma equipe de Harvard usou células-tronco para produzir centenas de milhares dessas células em laboratório.

Testes em ratos mostraram que elas podem tratar a doença, procedimento que especialistas descreveram como "potencialmente um grande avanço médico".

Células beta no pâncreas produzem insulina para baixar os níveis de açúcar no sangue. 


Mas o próprio sistema imunológico do organismo pode se voltar contra as células beta, as destruindo e deixando a pessoa com uma doença potencialmente fatal, pois o corpo passa a não conseguir regular o nível de açúcar no sangue.

A doença tipo 1 é bem diferente da diabetes tipo 2, que é de incidência mais comum por ser causada por um estilo de vida pouco saudável. 


Coquetel perfeito


A equipe de Harvard foi liderada pelo professor Doug Melton, que começou sua busca pela cura da doença quando seu filho foi diagnosticado há 23 anos. Mais tarde ele teve outra filha diagnosticada com a doença.

Ele está tentando substituir aproximadamente 150 milhões de células beta usando a tecnologia das células-tronco.

O professor descobriu o coquetel perfeito de agentes químicos para transformar células-tronco de embriões em células beta funcionais.

Testes feitos com ratos – cujos resultados foram publicados no jornal científico Cell– mostrou que as células produzidas em laboratório poderiam produzir insulina e controlar os níveis de açúcar no sangue por muitos meses.

"Foi gratificante saber que podemos fazer algo que sempre acreditamos ser possível", disse Melton. "Estamos atualmente a um passo pré-clínico para cruzar a linha de chegada".

Seus filhos, porém, não se mostraram tão impressionados: "Acredito que, como crianças, eles sempre pensaram que como eu disse que faria isso, eu conseguiria".

Mas quando as células beta forem injetadas em uma pessoa, elas também serão atacadas e destruídas pelo sistema imunológica. Por isso, será necessário fazer mais pesquisas antes que o recurso se transforme em uma cura.


Mudança de rumo


Sarah Johnson, da organização beneficente JDRF, que financiou o estudo, disse à BBC: "Não é uma cura, é um grande passo nesse caminho. É um tremendo passo à frente".

"Substituir as células que produzem insulina e desligar a resposta imunológica que causa a diabetes é um objetivo de longo prazo".

O professor Chris Mason, um cientista especializado em células tronco da University College London afirmou: "A descoberta científica é fazer células funcionais que curem um rato diabético, mas uma descoberta médica maior é conseguir produzir células funcionais em uma escala grande o suficiente para tratar todos os diabéticos".

"Se essa tecnologia de escala provar que funciona tanto na área clínica quando na área de manufatura, o impacto no tratamento de diabetes vai ser uma descoberta revolucionária semelhante aos antibióticos em relação às infecções bacterianas."

A pesquisadora Gillian Morrison, da Universidade de Edinburgh, concorda que isso "representa um avanço real no campo".

"O próximo desafio importante será encontrar maneiras de manter essas células dentro do corpo para que elas se protejam da resposta do sistema imunológico para terem uma função de longo prazo".

O Brasil é o quarto país do mundo em número de portadores de diabetes, atrás de China, Índia e Estados Unidos, de acordo com a International Diabetes Federation (IDF). Os números levam em conta pessoas com idade entre 20 e 79 anos.

No ano passado, o Brasil tinha 13 milhões de portadores, número que poderá subir para 592 milhões em 2035, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Para cada caso diagnosticado, estima-se que haja um sem diagnóstico e, deste total, 1 milhão são crianças.


Fonte: BBC Brasil