sábado, 23 de agosto de 2014

Sono aumenta número de células no cérebro, diz estudo.
Segundo cientistas, dormir elevaria produção de substância que protege estrutura neural.

 Dormir libera mielina, substância que protege o circuito do cérebro, dizem cientistas (Foto: BBC)

Cientistas americanos acreditam ter descoberto mais um motivo para incentivar as pessoas a tentar ter uma boa noite de sono: dormir ajudaria a repor um tipo de célula do cérebro. Segundo eles, dormir eleva a produção de células que produzem uma substância estimuladora conhecida como mielina, responsável por proteger o circuito neural.

A pesquisa, realizada até agora somente com ratos de laboratório, poderia ajudar a entender a ação do sono na reparação e no crescimento do cérebro, além do combate à esclerose múltipla, disse a equipe de cientistas do Estado americano de Wisconsin. As descobertas foram publicadas na revista científica "Journal of Neuroscience".

A equipe liderada pela cientista americana Chiara Cirelli, da Universidade de Wisconsin, descobriu que a taxa de crescimento das células produtoras de mielina dobrou enquanto os ratos dormiam.

O aumento se deu com maior intensidade durante o período associado ao sonho - chamado de REM ou "movimento rápido dos olhos" - e foi produzido por genes. Em contrapartida, genes envolvidos na morte das células e em respostas de estresse passaram a ser observados quando as cobaias foram forçadas a permanecer acordadas.

O motivo pelo qual os seres humanos precisam dormir intriga os cientistas há séculos. Já se sabe que uma boa noite de sono ajuda o corpo a repor as energias e garante seu bom funcionamento - mas o processo biológico que acontece durante esse período só começou a ser estudado recentemente.

Crescimento e reparação
"Por muito tempo, os cientistas concentraram seus esforços em comparar a atividade cerebral quando estamos dormindo e quando estamos acordados", explica Cirelli. "Agora, está claro que a maneira como operam outras células de apoio no sistema nervoso também muda significativamente se estivermos dormindo ou acordados."

Os cientistas dizem que suas descobertas indicam que a perda de sono pode agravar alguns sintomas da esclerose múltipla, doença que prejudica a produção de mielina. Nela, o sistema imunológico ataca e destrói o revestimento de mielina dos neurônios e da medula e do cordão espinhal.

Segundo Cirelli, estudos posteriores poderão observar se o sono afeta ou não os sintomas da esclerose múltipla. Ela acrescenta que sua equipe também vai examinar se a falta de sono, especialmente durante a adolescência, pode gerar efeitos nocivos de longo prazo para o cérebro.

De acordo com o Instituto Americano de Transtornos Neurológicos e de Acidente Vascular Cerebral, dormir ajuda o sistema nervoso a funcionar corretamente. Um sono profundo coincide com a liberação do hormônio do crescimento em crianças e em jovens adultos. Muitas das células do corpo também registram elevação da produção e redução da quebra de proteínas durante esse período.


Dado que as proteínas ajudam o crescimento das células e a reparação dos danos causados por estresse e raios ultravioletas, uma boa noite de sono realmente pode significar o "sono da beleza", acrescenta a instituição.

Fonte: G1-Globo

Especialista defende bancos de células-tronco públicos

Pioneiro no congelamento de sangue de cordão umbilical para transplantes e tratamento de doenças, o médico chileno Pablo Rubinstein, radicado nos Estados Unidos, acompanha há 22 anos o surgimento e o fechamento de bancos privados de armazenamento de células-tronco, que vendem serviços às famílias com base em promessas de cura de diversos males, da leucemia ao Parkinson.

Especialista em imunogenética, ele defende que os governos intervenham para impedir que propagandas enganosas levem as pessoas a gastar fortunas com os procedimentos, e também para divulgar a importância das doações voluntárias para bancos públicos.

Hoje diretor do Programa Nacional de Sangue do Cordão Umbilical do Centro de Sangue de Nova York, Rubinstein foi o criador do sistema norte-americano que desde 1992 armazena sangue para aplicação em pacientes não aparentados dos doadores.

No Brasil, colaborou para a implementação do banco de armazenamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o primeiro do País, em 2001. Na quarta-feira passada, ele foi homenageado pela equipe do hospital. Após visitar as instalações, onde estão armazenadas 8 mil unidades de sangue (juntando todos os 13 da Rede BrasilCord, são 18 mil, das quais 170 já usadas em transplantes), o médico deu entrevista ao jornal o Estado de S. Paulo.

Rubinstein não defende o fim de bancos privados, como se discute na Espanha e na França, e sim uma maior divulgação dos prós e contras do armazenamento pago - a coleta, feita na maternidade, custa por volta de R$ 4 mil, e a anuidade, cerca de R$ 1.000.

No caso do banco privado, as células só podem ser usadas no próprio paciente, e não há comprovação científica da eficácia futura (no caso das doenças genéticas e da leucemia, não são recomendadas). No público, ficam disponíveis para todos os pacientes que precisarem de transplante. Em média, a chance de compatibilidade é de 1 para 100 mil.

"O objetivo do banco público é ajudar pacientes hoje. O do privado é hipotético, e o fim é fazer dinheiro. Do ponto de vista legal, é difícil privar as pessoas de guardarem sangue se quiserem e tiverem dinheiro para isso. Mas quando meus filhos me perguntaram o que fazer quando seus filhos nasceram, eu disse: 'Se não existem bancos públicos na cidade, não vale armazenar em particulares".

E continuou: "do ponto de vista social, é muito melhor investir num sistema que assista a todos, ricos e pobres, e dá a possibilidade de mais gente sobreviver a doenças fatais. Os governos devem assegurar que as famílias recebam informações corretas. A gente já sabe que o que eles vendem não é verdade. É irritante ser inundado por certas propagandas na internet", desabafou.

Os números sustentam sua argumentação. "O melhor que podemos fazer é comparar bancos públicos e privados. O maior privado dos EUA tem mais de 500 mil unidades e foram transplantados menos de 200 pacientes; no nosso, são 60 mil unidades e já tratamos 5.200 pacientes".



Fonte: Portal A Tarde

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Revista Nature se retrata e retira artigo sobre células-tronco, citando "erro"


A pesquisa, que ao ser publicada em janeiro foi descrita como um divisor de águas por muitos especialistas na área, foi posteriormente investigada pelo instituto científico japonês RIKEN, que "categorizou alguns dos erros como má conduta", afirmou a Nature.

 Na publicação do estudo, a cientista
 afirmava que o feto de rato foi gerado a
 partir da estimulação de uma célula madura do 
 roedor

O trabalho, liderado pela pesquisadora japonesa Haruko Obokata, do RIKEN, detalhou maneiras simples para reprogramar células animais maduras de volta a um estado semelhante ao embrionário, permitindo-lhes gerar muitos tipos diferentes de células.


Os resultados aparentemente ofereciam a promessa de que células humanas poderiam no futuro, de forma simples e barata, ser reprogramadas como células embrionárias.


O método, batizado como Aquisição de Pluripotência Desencadeada por Estímulo, ou células STAP, na sigla em inglês, sugeria uma maneira simples para substituir células danificadas ou desenvolver novos órgãos para as pessoas doentes e feridas.


Haruko inicialmente defendeu com firmeza o seu trabalho diante de sérios questionamentos e críticas, mas no mês passado concordou em anular os artigos.


A Nature confirmou a retratação nesta quarta-feira, dizendo que "vários erros prejudicam a credibilidade do estudo como um todo".


"Estudos em andamento estão investigando esse fenômeno novo, mas dada a natureza extensa dos erros encontrados atualmente, consideramos oportuna a retratação dos dois estudos", disse em um comunicado.


Especialistas que na época expressaram entusiasmo sobre as descobertas de Haruko disseram estar desapontados com o resultado.


"A tecnologia STAP, de fato, parecia boa demais para ser verdade", disse Dusko Ilic, professor de ciência de células-tronco no Kings College de Londres.


"Eu esperava que Haruko Obokata iria no final provar que todos os seus opositores estavam errados. Infelizmente, ela não o fez."


Fonte: Noticias Uol

Cientistas criam células similares às embrionárias de maneira simples

Em experimentos que podem iniciar uma nova era na biologia das células-tronco, cientistas descobriram uma forma barata e fácil de reprogramar células maduras de um rato de volta a um estado similar ao embrionário, o que permitiu-lhes gerar vários tipos de tecidos.


 O artigo sobre o experimento, no entanto, foi retirado de circulação por conter "vários erros críticos", segundo a revista Nature, que o publicou.

A pesquisa sugere que células humanas poderiam no futuro ser reprogramadas com a mesma técnica, oferecendo assim uma maneira mais simples para substituir células danificadas ou desenvolver novos órgãos para pessoas doentes ou feridas.

Chris Mason, do setor de bioprocessamento médico regenerativo do University College London, na capital britânica, que não participou do trabalho, disse que o método era "o mais simples, barato e rápido" para gerar as chamadas células pluripotentes (as capazes de se desenvolver em vários tipos diferentes de células) a partir de cédulas maduras, as células normais do corpo, chamadas de somáticas.

"Se isso funcionar com humanos, isso pode mudar todo o cenário, pode tornar possível terapias usando as células do próprio paciente como material inicial. A era da medicina personalizada iria finalmente chegar", afirmou.

Os experimentos, relatados em dois artigos no periódico Nature nesta quarta-feira (29), contaram com cientistas do centro Riken de biologia, no Japão, e da Escola de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.

As chamadas células STAP (Aquisição de Pluripotência Desencadeada por Estímulo) têm algumas características que se assemelham a células-tronco embrionárias, mas com uma capacidade limitada de auto-renovação. Elas representam um estado único de pluripotência, que, em condições de cultura de células-tronco pluripotentes, podem se transformar em células-tronco semelhantes às embrionárias.

Método

A partir de células maduras, adultas, os pesquisadores deixaram que elas se multiplicassem e depois as submeteram a estresse quase ao ponto de matá-las, explicaram eles.

Depois de dias, os cientistas descobriram que as células sobreviveram e se recuperaram, ao naturalmente retrocederem a um estado similar ao de uma célula-tronco embrionária.

Essas células se diferenciaram e se desenvolveram em diferentes tipo de células e tecidos, dependendo dos ambientes aos quais elas foram submetidas.

"Se nós pudermos descobrir os mecanismos pelos quais os diferentes estados se mantêm ou se perdem, isso poderia abrir várias possibilidades para novas pesquisas e aplicações usando células vivas", afirmou Haruko Obokata, que comandou a pesquisa no Riken.

Esse novo processo de reprogramação não precisa da habitual manipulação nuclear ou da introdução dos chamados fatores de transcrição -proteínas que regulam a transcrição do DNA-, necessários até agora para induzir a "pluripotência".

Por isso, os cientistas acham que seu trabalho poderia ter "importantes implicações" no campo da medicina regenerativa.

Concretamente Haruko Obokata e seus colegas descobriram que as células somáticas dos mamíferos podem se reprogramar em condições de acidez.

A reprogramação como resposta ao estresse meio ambiental foi observada anteriormente em plantas, onde as células maduras podem se transformar em células imaturas capazes de formar uma nova estrutura da planta, incluindo raízes e talos, lembra a publicação.


Fonte: Noticias Uol