domingo, 26 de outubro de 2014

Equipe que transplantou células do nariz em paralítico busca voluntários

Cientistas buscam pacientes com lesão provocada por objeto pontiagudo.
Paciente que recebeu transplante consegue andar com ajuda de armação.


Paciente Dariusz Fidyka, que recebeu transplante de
células olfativas e recuperou parte dos movimentos
da perna, participa de coletiva de imprensa nesta
quarta (22) (Foto: AFP Photo/Natalia Dobryszycka)
Uma equipe de médicos que ajudou um homem paralítico a voltar a andar transplantando células de sua cavidade nasal para sua espinha dorsal anunciaram estar buscando novos pacientes para poderem demonstrar que seu avanço não foi circunstancial.

Os médicos declararam nesta quarta-feira (22) que irão procurar pela internet voluntários com lesões semelhantes à de seu paciente, o polonês Dariusz Fidyka, que ficou paralisado do peito para baixo depois de ser esfaqueado nas costas pelo ex-marido de sua companheira em 2010.

Agora ele consegue andar com a ajuda de uma armação.

“Para os próximos estágios de nossa pesquisa, precisaremos de pacientes que sofreram uma lesão na espinha dorsal causada por um objeto pontiagudo, como uma faca ou uma machadinha”, disse Wlodzimierz Jarmundowicz, neurocirurgião de Breslávia, cidade do oeste da Polônia, que fez parte da equipe polonesa-britânica que tratou Fidyka.

“A pequena luz no fim do túnel acendeu, mas precisamos repetir o procedimento em dois ou três pacientes, e aí veremos”, afirmou Jarmundowicz em uma coletiva de imprensa em Breslávia.

Site vai buscar voluntários

Os médicos planejam criar um site em polonês e outro em inglês para buscar voluntários, porém o endereço ainda não foi divulgado.

A técnica, descrita como um avanço por um estudo na publicação "Cell Transplantation", envolveu o transplante das chamadas células olfativas revestidoras para a espinha dorsal do paciente e a construção de uma “ponte de nervos” entre as duas extremidades da coluna vertebral danificada.

A pesquisa pioneira foi liderada por Geoffrey Raisman, professor do instituto de neurologia do University College de Londres, que trabalhou com cirurgiões do hospital da Universidade de Breslávia.

Cedo demais para conclusões

Foto mostra paciente andando com a ajuda de um equipamento, depois de receber transplante de células nasais (Foto: AFP Photo/BBC Panorama )

Entretanto, especialistas da área alertaram que o sucesso com um paciente faz com que seja cedo demais para concluir que o tratamento pode ter benefícios de larga escala. Em alguns casos, os pacientes podem perceber uma evolução significativa nas funções simplesmente por causa da reabilitação e da passagem do tempo, argumentaram.

Fidyka compareceu de cadeira de rodas à coletiva de imprensa, na qual os feitos sobre sua mobilidade restaurada foram transmitidos aos médicos em apresentações de vídeo.

Visivelmente surpreso pela enorme atenção que seu caso atraiu, ele se desculpou pela voz rouca, que atribuiu às conversas com jornalistas.

Ele lembrou como, em 2011, um ano depois de ser apunhalado, marcou sua primeira consulta com o doutor Pawel Tabakow, membro da equipe que mais tarde o tratou. “Ele ficou de cabelo em pé – não esperava um paciente com uma lesão daquela”, contou Fidyka.

“Agora consigo movimentar minha perna esquerda, tenho mais sensibilidade na direita, sinto calor e frio, funções fisiológicas e sexuais diferentes estão voltando. Poderia viver sozinho em um apartamento. Com certas modificações, poderia dirigir.”


“Há altos e baixos, mas está tudo indo na direção certa”, completou.

Fonte: G1 Globo

Homem paralisado volta a andar após transplante de células do nariz

Darek Fidyka ficou paralisado após ser esfaqueado várias vezes em 2010 e não apresentava sinais de recuperação; tratamento é inédito no mundo.

Darek Fidyka voltou a andar após receber transplante de células olfativas. (Foto: BBC)


Um homem paralisado conseguiu andar novamente após um tratamento inovador que envolveu o transplante de células de sua cavidade nasal para a medula espinhal.

Darek Fidyka, de 40 anos, ficou paralisado do peito para baixo após ser esfaqueado várias vezes em 2010. Agora, ele pode andar usando um andador. Ele também recuperou algumas funções da bexiga e intestino e funções sexuais.

Antes do tratamento, Fidyka estava paralisado havia quase dois anos e não mostrava nenhum sinal de recuperação, apesar de meses de fisioterapia intensiva. Ele disse que andar novamente foi "uma sensação incrível".

"Quando você não pode sentir quase metade do seu corpo, você é impotente, mas quando ele começa a voltar, é como se você tivesse nascido de novo".

O tratamento, inédito no mundo, foi realizado por cirurgiões poloneses em colaboração com cientistas em Londres. Detalhes da pesquisa foram divulgados na publicação científica Cell Transplantation.

O programa de TV Panorama, da BBC, teve acesso exclusivo ao projeto e passou um ano acompanhando a reabilitação do paciente.

O chefe de regeneração neural do Instituto de Neurologia da Universidade College, de Londres, liderou a equipe de pesquisadores. Ele disse que o resultado é "mais impressionante do que o homem andar na lua".

Como foi

O tratamento utilizou células especiais que fazem parte do sentido do olfato (OECs, na sigla em inglês). Elas agem como células de direção, que permitem que as fibras nervosas do sistema olfativo sejam continuamente renovadas.

Na primeira de duas operações, os cirurgiões removeram um dos bulbos olfativos do paciente e as células cresceram em cultura. Duas semanas depois, eles transplantaram as células para a medula espinhal, que tinha sido reduzida a uma pequena faixa de tecido, à direita.

Eles tinham apenas uma pequena porção de material para trabalhar - cerca de 500 mil células. Cerca de 100 microinjeções de células olfativas foram feitas acima e abaixo da lesão.

Quatro tiras finas de tecido nervoso foram tiradas do tornozelo do paciente e colocadas através de uma lacuna de 8mm no lado esquerdo da medula espinhal.

Os cientistas acreditam que as células olfativas forneceram uma direção, permitindo que as fibras acima e abaixo da lesão se reconectassem, usando os enxertos de nervos para preencher a lacuna na medula espinhal.

Fidyka mantém o programa de exercícios que já realizava antes do transplante - cinco horas por dia, cinco dias por semana. Ele notou pela primeira vez que o tratamento havia sido bem sucedido após cerca de três meses, quando sua coxa esquerda começou a desenvolver músculos.

Seis meses depois, ele foi capaz de tentar dar seus primeiros passos com a ajuda de barras paralelas, usando muletas e com o apoio de um fisioterapeuta. Dois anos após o tratamento, ele agora pode andar fora do centro de reabilitação utilizando um andador.

O neurocirurgião Pawel Tabakow, consultor no Hospital Universitário de Wroclaw, que liderou a equipe de pesquisa polonesa, disse: "É incrível ver como a regeneração da medula espinhal, algo que era considerado impossível por muitos anos, está se tornando uma realidade".

Fidyka ainda se cansa rapidamente ao caminhar, mas disse: "Eu acho que é realista que um dia irei me tornar independente".

"O que eu aprendi é que você nunca deve desistir, mas continuar lutando, porque alguma porta se abrirá na vida".

Um fator determinante para o sucesso do procedimento em Fidyka foi que os cientistas puderam usar células do bulbo olfatório do paciente. Isso significa que não havia perigo de rejeição, por isso não houve a necessidade de medicamentos imunossupressores usados em transplantes convencionais.

A maior parte da reparação de medula espinhal de Fidyka ocorreu no lado esquerdo, onde havia uma lacuna de 8mm. Desde então, ele recuperou massa muscular e movimento principalmente nesse lado.

Os cientistas acreditam que esta é uma evidência de que a recuperação se deve à regeneração, já que sinais do cérebro que controlam os músculos da perna esquerda viajam para baixo pelo lado esquerdo da medula espinhal.


Exames mostraram que a lacuna na medula espinhal fechou-se após o tratamento.

Fonte: G1 Globo

quarta-feira, 15 de outubro de 2014


Pesquisa com células-tronco indica cura para diabete tipo 1

Cientistas dão passo significativo na pesquisa da cura para o diabetes tipo 1

Os esforços pela descoberta da cura para a diabetes tipo 1 recentemente "deram um tremendo passo", afirmaram cientistas da Universidade de Harvard.

A doença ocorre quando o sistema imunológico do corpo humano destrói as células que controlam o nível de açúcar no sangue. Uma equipe de Harvard usou células-tronco para produzir centenas de milhares dessas células em laboratório.

Testes em ratos mostraram que elas podem tratar a doença, procedimento que especialistas descreveram como "potencialmente um grande avanço médico".

Células beta no pâncreas produzem insulina para baixar os níveis de açúcar no sangue. 


Mas o próprio sistema imunológico do organismo pode se voltar contra as células beta, as destruindo e deixando a pessoa com uma doença potencialmente fatal, pois o corpo passa a não conseguir regular o nível de açúcar no sangue.

A doença tipo 1 é bem diferente da diabetes tipo 2, que é de incidência mais comum por ser causada por um estilo de vida pouco saudável. 


Coquetel perfeito


A equipe de Harvard foi liderada pelo professor Doug Melton, que começou sua busca pela cura da doença quando seu filho foi diagnosticado há 23 anos. Mais tarde ele teve outra filha diagnosticada com a doença.

Ele está tentando substituir aproximadamente 150 milhões de células beta usando a tecnologia das células-tronco.

O professor descobriu o coquetel perfeito de agentes químicos para transformar células-tronco de embriões em células beta funcionais.

Testes feitos com ratos – cujos resultados foram publicados no jornal científico Cell– mostrou que as células produzidas em laboratório poderiam produzir insulina e controlar os níveis de açúcar no sangue por muitos meses.

"Foi gratificante saber que podemos fazer algo que sempre acreditamos ser possível", disse Melton. "Estamos atualmente a um passo pré-clínico para cruzar a linha de chegada".

Seus filhos, porém, não se mostraram tão impressionados: "Acredito que, como crianças, eles sempre pensaram que como eu disse que faria isso, eu conseguiria".

Mas quando as células beta forem injetadas em uma pessoa, elas também serão atacadas e destruídas pelo sistema imunológica. Por isso, será necessário fazer mais pesquisas antes que o recurso se transforme em uma cura.


Mudança de rumo


Sarah Johnson, da organização beneficente JDRF, que financiou o estudo, disse à BBC: "Não é uma cura, é um grande passo nesse caminho. É um tremendo passo à frente".

"Substituir as células que produzem insulina e desligar a resposta imunológica que causa a diabetes é um objetivo de longo prazo".

O professor Chris Mason, um cientista especializado em células tronco da University College London afirmou: "A descoberta científica é fazer células funcionais que curem um rato diabético, mas uma descoberta médica maior é conseguir produzir células funcionais em uma escala grande o suficiente para tratar todos os diabéticos".

"Se essa tecnologia de escala provar que funciona tanto na área clínica quando na área de manufatura, o impacto no tratamento de diabetes vai ser uma descoberta revolucionária semelhante aos antibióticos em relação às infecções bacterianas."

A pesquisadora Gillian Morrison, da Universidade de Edinburgh, concorda que isso "representa um avanço real no campo".

"O próximo desafio importante será encontrar maneiras de manter essas células dentro do corpo para que elas se protejam da resposta do sistema imunológico para terem uma função de longo prazo".

O Brasil é o quarto país do mundo em número de portadores de diabetes, atrás de China, Índia e Estados Unidos, de acordo com a International Diabetes Federation (IDF). Os números levam em conta pessoas com idade entre 20 e 79 anos.

No ano passado, o Brasil tinha 13 milhões de portadores, número que poderá subir para 592 milhões em 2035, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Para cada caso diagnosticado, estima-se que haja um sem diagnóstico e, deste total, 1 milhão são crianças.


Fonte: BBC Brasil