terça-feira, 18 de novembro de 2014

Cientistas desvendam como cérebro identifica sabores

Especialistas acreditam que descoberta poderá ajudar a reverter à perda de paladar em idosos.

 
Segundo estudo, sensores de sabor distintos da língua têm um parceiro correspondente no cérebro (Foto: Thinkstock)


Diversos cientistas há anos procuram entender como o cérebro recebe e processa o sabor dos alimentos.

Agora, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, diz ter começado a responder a questão - e levanta a possibilidade de que sua descoberta ajude a reverter à perda de paladar em idosos.

Os pesquisadores, que publicaram um artigo na revista científica Nature sobre o tema, dizem que o cérebro tem neurônios especializados para cada uma das cinco categorias do gosto - salgado, amargo, ácido, doce e o chamado umami (gosto associado aos glutamatos, presente, por exemplo, em carnes e legumes).

Sensores de sabor distintos espalhados sobre a língua teriam parceiros correspondentes no cérebro e enviariam mensagens para eles quando comemos.

A ideia de que só sentimos o gosto doce na ponta da língua seria falsa. De acordo com os pesquisadores, cada uma das cerca de 8 mil papilas gustativas espalhadas pela língua seria capaz de sentir todas essas cinco categorias de sabores.

A especialização, na realidade, ocorreria dentro das papilas, onde haveria cinco tipos de células diferentes capazes de detectar os cinco sabores.

A mensagem seria, em seguida, enviada para o cérebro, embora ainda não esteja claro de que forma essas informações são processadas após serem coletadas pelos neurônios.

Benefício a idosos

A nova teoria foi desenvolvida a partir de experiências com ratos.

A equipe da Universidade de Columbia preparou os cérebros dos animais para que seus neurônios ligados ao processamento do sabor dos alimentos ficassem fluorescentes ao serem ativados.

Os animais foram, então, alimentados com produtos químicos de gostos diferentes.
E ao monitorarem as reações dos seus cérebros, os pesquisadores concluíram haver uma ligação forte entre as células da língua e os neurônios cerebrais.

"As células estavam bastante sintonizadas com as categorias gustativas. E tivemos um encaixe perfeito entre a natureza das células ativadas na língua e as suas correspondentes (no cérebro)", disse à BBC Charles Zuker, professor da Universidade de Columbia.

Como tal descoberta poderia ajudar idosos com perda de paladar?

Segundo Zuker, tal perda ocorreria por problemas nas células gustativas.

Na língua, há células-tronco que produzem novas células gustativas a cada quinze dias. Mas esse processo perde força com a idade.

"Alguns idosos não sentem mais prazer em comer e isso é devastador para eles", diz o professor. "Mas ao desvendarmos como o sabor é processado pelo cérebro, podemos imaginar formas de melhorar essa função."


Segundo Zuker, uma das alternativas para se tentar amenizar o problema seria aumentar a sensibilidade das células da língua, para que elas enviem sinais mais fortes para o cérebro ao serem acionadas.

Fonte: G1 Globo

quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Pesquisadores conseguem detalhar processo de metástase de células do câncer



Veia artificial desenvolvida por pesquisadores americanos permitiu a eles acompanhar como células com câncer se espalham pelo fluxo sanguíneo


Dois pesquisadores da universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, desenvolveram uma veia artificial que permite uma visão em tempo real de como as células cancerígenas entram em metástase.

A metástase é o processo pelo qual as células cancerígenas se espalham pelo corpo, aumentando a dificuldade do tratamento do câncer.

Assim que entra na corrente sanguínea, as células cancerígenas podem formar tumores em outros órgãos.

Noventa por cento dos pacientes vitimados pelo câncer sofreram processo de metástase, que ainda não é totalmente conhecido dos médicos - não se sabe como as células cancerígenas conseguem se mover dentro do sistema vascular e se espalhar pelo corpo.

Entender melhor como isso acontece pode levar a novos métodos de tratamento para a doença. "Nossa nova ferramenta nos dá uma visão mais clara e detalhada desse processo", afirma Andrew Wong, um dos autores da pesquisa.

"Existe muita coisa que não sabemos sobre como as células de tumor viajam pelo corpo, porque, mesmo usando nossa melhor tecnologia de imagem, não conseguimos enxergar como elas se locomovem pelo sistema sanguíneo", diz Wong.

Os pesquisadores da universidade Johns Hopkins testaram a viabilidade da veia artificial em células de câncer de mama marcadas com uma tinta fluorescente. Elas foram inseridas em uma matriz de colágeno, que replicava o tecido dos seios humanos.

A vascularidade do aparelho foi feita com material transparente, com as mesmas propriedades das veias naturais, por onde circulava um líquido rico em nutrientes, fazendo as vezes do sangue.

Por meio da fluorescência das células, a equipe foi capaz de filmar e monitorar aquelas com câncer, enquanto andavam pelo tecido e pela veia artificial.

"No passado, era virtualmente impossível observar os passos envolvidos nesse processo com esse nível de clareza", afirmou Peter Searson, coautor do estudo.

A dupla de pesquisadores conseguiu perceber que o tecido tentava cercar e conter as células cancerígenas. Mas algumas delas escapavam e se agrupavam em outro ponto da veia artificial.

Depois de um tempo, a força do fluxo sanguíneo artificial era suficiente para puxar a célula cancerígena para dentro da veia e bombeá-la para outros lugares.

"As células cancerígenas teriam dificuldade em deixar o local original do tumor, não fosse a habilidade delas em entrar em nosso fluxo sanguíneo e ganhar acesso a locais distantes", afirma Wong.

"Então, descobrimos que é a entrada das células cancerígenas no fluxo sanguíneo que permite ao câncer se espalhar tão rápido", diz.

Os pesquisadores agora esperam utilizar o aparelho para testar remédios contra a doença, para perceber se eles podem afetar a metástase.

"Se nós pudermos encontrar uma maneira de parar um desses passos na escalada da metástase, poderemos ser capazes de encontrar uma nova estratégia para retardar ou até parar a propagação do câncer", afirma Wong.


Fonte: Info Abril

Cientistas transformam células-tronco em 'assassinas' de câncer

Em uma experiência com ratos, células-tronco foram geneticamente modificadas para produzir toxinas que podem matar tumores no cérebro sem matar as células saudáveis.


Células-tronco geneticamente modificadas podem produzir toxina que 'mata' tumores (Foto: Science Photo/Library)



Cientistas da Escola de Medicina de Harvard descobriram um jeito de transformar células-tronco em "máquinas" para lutar contra o câncer cerebral. Em uma experiência com ratos, as células-tronco foram geneticamente modificadas para produzir toxinas que podem matar tumores no cérebro sem matar as células normais.

Pesquisadores dizem que o próximo passo seria testar esse processo em seres humanos. "Depois de fazer toda a análise molecular e de imagem para controlar a inibição da síntese de proteínas dentro de tumores cerebrais, nós vimos as toxinas matarem as células cancerígenas", explicou Khalid Shah, principal autor da pesquisa e diretor do Laboratório de Neuroterapia no Hospital de Massachusetts e na Escola de Medicina de Harvard.

"Toxinas para matar o câncer têm sido utilizadas com grande sucesso em uma variedade de tumores sanguíneos, mas eles não funcionam bem em tumores sólidos, porque os tumores não são tão acessíveis e as toxinas têm uma vida curta."

Mas geneticamente, a manipulação de células-tronco pode ter mudado tudo isso, segundo Khalid Shah. "Agora, temos células-tronco resistentes a toxinas que podem fazer e liberar essas drogas que matam o câncer", explicou.

Estudo

O estudo, publicado no jornal científico "Células-tronco", foi resultado de um trabalho de cientistas do Hospital de Massachusetts e do Instituto de Células-Tronco de Harvard.

Eles passaram muitos anos estudando uma terapia com células-tronco que pudesse curar o câncer – a ideia seria que as células-tronco produzissem algo capaz de matar células cancerígenas, mas que não tivesse efeitos negativos sobre as células normais – ou seja, as células saudáveis não teriam risco algum de serem atingidas pela toxina.

Os cientistas, então, modificaram geneticamente as células-tronco para conseguir fazer isso.

Nos testes em animais, as células-tronco foram colocadas no gel e depois em um tumor cerebral depois de ele ter sido retirado. As células cancerígenas morreram na hora, como se elas não tivessem nenhum tipo de defesa contra a toxina.

Cautela

Para Nell Barrie, cientista do Instituto de Pesquisa de Câncer do Reino Unido, o estudo teve resultados excelentes, mas é preciso ter cautela porque ele traz uma "abordagem engenhosa". "Precisamos urgentemente de melhores tratamentos para tumores cerebrais e isso pode ajudar em um tratamento direto exatamente onde ele é necessário."

"Mas até agora a técnica só foi testada em ratos e em células cancerígenas em laboratório. Muito trabalho ainda precisa ser feito antes de nós afirmarmos se esse tratamento é eficiente e pode ajudar os pacientes com tumores cerebrais", completou.

Nell reiterou que esse tipo de pesquisa poderia ajudar a aumentar as taxas de sobrevivência e trazer progresso muito importante para a cura do câncer cerebral. Já Chris Mason, professor de medicina regenerativa na Universidade de Londres, disse que esse estudo é "bastante inteligente e indica que há uma nova onda de tratamentos contra o câncer surgindo".

"Isso mostra que podemos atacar tumores sólidos colocando mini-farmácias dentro do paciente que liberam as toxinas diretamente no tumor." "Essas células-tronco podem fazer tanta coisa. É assim que o futuro será."

Fonte: G1 Globo